Hollywood: o sucesso
Sete da manhã. De pé no ponto de ônibus, os olhos
inchados ainda. Estou a caminho do trabalho. Tudo normal até então, as mesmas
pessoas, os mesmos pombos, as mesmas novas notícias na capa do jornal exposto
na banca. Não mais que de repente, um
cheiro forte de cigarro me atinge em cheio.
Sim, eu me viro para lançar um olhar inútil de
repreensão para o fumante que insiste em ficar contra o vento, me obrigando a partilhar
de seu vício. Algo chama a minha atenção, é um jovem idoso. Uma figura
caricata, até. Ele usa um chapéu de palha, camisa social, calça listrada é
estrábico e usa um óculos de lentes espessas. Fuma cheio de pose, lançando
teatralmente sua fumaça para o alto. Ao seu lado, dois outros homens fumam também.
Eu estava cercada por resquícios de velhos modismos
sociais. Aquele senhor, provavelmente começou a fumar quando esta prática era
comumente relacionada á status, beleza, virilidade e sensualidade. Um reflexo
vivo da nossa alienação sentado bem na minha frente. Os modismos passam e ficam para trás os que vivem apenas, inspirando
e expirando as demandas, as novas e ultrapassadas, demandas da sociedade.
Meu ônibus aparece, uma última olhada para aquele
velho senhor, que pairava naquela fumaça o que manteve parado no tempo.Um tempo aonde suas baforadas o tornam alguém notável. Movimento. É o que precisamos, de movimento de idéias, de vida. Entro
em movimento, e espero que ele e outros
tantos que estão amarradas á ideais arcaicos se venham junto.
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